segunda-feira, 14 de março de 2011

Tentação!...

            Quando a gente vive num mundo consumista como o nosso, a palavra tentação já é cotidiana. Na verdade, as vezes da mesmo a impressão que todo o mundo se desenvolveu de uma maneira que transforme as recompensas do nosso corpo, que antes eram necessárias, em industria. Quer endorfina? Vá a um sexy shop. Que feniletilamina? Coma chocolate. Um dia, sexo foi necessário para a reprodução, e a gordura e o açúcar eram difíceis de serem encontrados, e por isto mereciam um estimulo a mais para serem ingeridos. Hoje em dia, a gente só se aproveita destes mecanismos.
            E é por isto que existem as academias. Elas fazem muita fama: em perdizes, Pompéia, Higienópolis e companhia, você não anda mais que 5 quarteirões sem ver uma – e elas são grandes. É la que nós, humanos, orgulhoso, tentamos nos aproveitar de outro mecanismo da natureza: a atração sexual. Quando a seleção inventou que deveríamos nos atrair por corpos mais, digamos, definidos, ela estava pensando (mentira que ela não pensa!) em priorizar a reprodução de um gêneses mais forte fisicamente, o que era extremamente necessário antigamente, quando tínhamos de lutar por nossa sobrevivência. Mas, hoje em dia, tanto faz. Afinal de contas, a tal “selva de pedras” nem é tão selvagem assim. Mas, se a gente pode ficar com alguém mais gatinho ou mais gatinha se perder um quilinho e ganhar um músculo, por que não?  (que fique claro, pelo menos à minha namorada, que estou repetindo um discurso social).
            Então a gente corre na esteira. A gente nada quilômetros. A gente levanta peso. Tudo isso para se aproveitar de mais um mecanismo da natureza, alem de, claro, aumentar nosso orgulho próprio e auto-estima.
            Mas uma parte essencial de quem esta lá para perder uns quilinhos, é não se encher de doces e das tentações do fast food, supermercado e da padaria ali na esquina. É passar pela vitrine da ofner e fingir que não esta vendo aquela bomba de chocolate. Ignorar a sorveteria ao lado de casa. Enfim, negar a toda tentação da industria comilona.
            Ai que entra a verdadeira imagem da tentação. A objetificação do sentimento. O verdadeiro símbolo vindo diretamente do mundo das idéias de Platão!
            Uma maquina de doces!...
            Mas não é uma simples máquina. Quer dizer, a maquina é bem simples, você coloca um nota e sai um doce. Mas é o contexto histórico que importa. Porque a maquina está estrategicamente localizada na única saída da academia. Nem se você quiser sair sem olhar para ela você pode, pois ela fica ao pé da escada, então ou você olha para não cair na escada ou você não olha e da de cara no chão.
            Ai você olha, e bate aquela vontade. E você tenta reprimir: gordura, açúcar, barriga... Mas, do fundo de seu córtex cerebral, levando em conta o contexto histórico que você se encontrava a alguns minutos atrás, correndo sem sair do lugar... O ato de comer parece perdoável. A mão busca por uma nota no bolso quase que por impulso. Se ela encontrar... Já era.
            A cobra tem varias faces. Na academia, ela é uma maquina de doces.

2 comentários:

  1. E a academia não é uma das representantes maiores da indústria do culto ao corpo? Achar alguém mais gatinho ou mais gatinha pq perdeu um quilinhos não tema nada de natural. É absolutamente cultural! Já houve épocas em que corpos roliços eram mais cultivados (não estou falando de Botero não) e que muitas(os) se orgulhavam de ter o que pegar. Tanto a máquina quanto a academia representam indústrias e, pelo sim ou pelo não, pretendem guiar nosso comportamento.

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  2. Interessante. Merecia até uma monografia esse assunto (aluno do 3º ano só pensa isso, o dia inteiro.)

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