sábado, 23 de abril de 2011

O miojo, a diarréia e o demônio.

                Chegou a Páscoa! 2 dias de feriado, para cada um aproveitar como bem entender. Tem coisa melhor?
                Bom, grande parte das pessoas recebeu suas 48h extras de descanso de maneiras semelhantes. Quem pode, catou o carro e saiu logo de São Paulo para aproveitar o frio de Campos do Jordão, o sol das praias do litoral ou o silêncio do interior. Quem ficou em São Paulo mesmo, se virou para achar alguma cultura ou algum lazer: cinema, shopping, parque, shows, e sei la o que mais. Mas páscoa não se resume só a feriado, claro! Temos também aqueles presentes dos deuses: os ovos de chocolate!
                O que ovos de chocolate tem haver com a ressurreição de Cristo? Bom, os otimistas diriam que o ovo representa a vida. Eu acho que o capitalismo explica, mas não vou discutir.
                Fato é que, além de descansar o dobro do normal, ainda ganhar chocolate dos amigos é bom. É MUITO bom. E é por isto que todos recebem tão bem a Páscoa.
                Sabem como eu recebi a Páscoa? Com 39,5º de febre, no hospital São Camilo, com a pressão baixa só de ver a enfermeira tentar colocar a droga da agulha no meu braço. E ela teve que tentar 3 veias diferentes, ou seja, 3 furos diferentes! Eu bem que tentei descontrair, brincando com a moça de que ela estava me fazendo sofrer porque eu tinha dito que odiava o Corinthians, ou que ela só queria me fazer sofrer porque percebeu que eu odiava agulha, e até mesmo tentei puxar um assunto mais, sei la, científico, perguntando se os potinhos que recolhiam sangue eram mesmo a vácuo e se as plaquetas eram as responsáveis por coagular o sangue. Mas nada disso diminuiu minha agonia de ser furado e não poder fazer nada. (um enfermeiro até virou pra mim e disse “ah, mas a gente só fura porque precisa mesmo”. Ia perguntar se ele conhecia o conceito de “via oral”, mas achei que eu pareceria, além de rude, idiota).
                Enfim, tudo isto para o médico dizer que poderia ser umas 5 doenças diferentes, e todas elas tinham a mesma solução: não fazer absolutamente nada e esperar a febre passar. Ele ainda me passou uma receita para tylenol. Quem, no século XXI, com o “BOOM” das empresas farmacêuticas, ainda gasta árvore para mandar alguém tomar tylenol quando esta com febre?
                Voltei para a casa, conformado que teria de enfrentar a Páscoa não apenas com a febre, mas também com o mal estar, o enjôo e a diarréia que o maldito vírus trouxe de brinde. Lembra da história do descanso? Da viagem? Do chocolate? Agora substitua isto por febre, visitas constantes ao banheiro e um cardápio com 3 itens (frango ferventado sem tempero, arroz e batata cozida). Esta foi minha Páscoa.
                Enfim, no sábado a noite, o pior parecia ter passado. Na verdade, eu fiquei cerca de 6 horas sem ir ao banheiro, sensação que eu não havia tido o prazer de sentir a dias. A febre tinha desaparecido junto com o mal estar. E eu estava com fome, afinal de contas era hora do jantar. E sabem o que eu ia comer? Frango com arroz e batata cozida.
                Recusei-me. Eu merecia algo melhor. Era Páscoa, por Deus! Encarei o armário, e não tive dúvidas – catei dois miojos, e pus a água para ferver.
                Acontece que eu tenho um péssimo habito. Acreditem, horrível mesmo. Enquanto eu espero minha comida esquentar (ou, no caso, a água ferver), eu fico lendo as embalagens. E, desta vez, eu me deparei com duas coisas: a tabela nutricional e a data de validade.
                A primeira, me contava aquilo que ninguém quer saber. Um pacotinho de miojo tinha, por exemplo, 25% da gordura que eu precisaria no dia, assim como 40% dos carboidratos e 67% do sódio. Como eu ia comer 2 miojos, os valores iam saltar para, respectivamente, 50%, 80% e 134%. A segunda, me revelava um perigo: aquilo havia vencido no mês 2.
                Além disso, hoje é dia 23. E o número 23 me odeia!
                Na hora veio na minha cabeça a imagem da minha tia, me dizendo: “olhe la, quando você esta com intestino solto, você pode comer miojo, mas não pode por o molinho!”. Mas qual a graça do miojo sem o molinho? Então era melhor nem fazer mesmo. Ainda mais com uma informação nutricional entristecedora como aquela.
                Não me leve a mal – não sou anoréxico nem nada do gênero – mas desde que tive uma breve introdução a industria de comidas do nosso tempo (via documentário ou aulas de química), cheguei a conclusão que o auto-controle era necessário. Num mundo de ofertas como o nosso, a “junk-food” e a “fast-food” (incluindo ai comidas como lasanha congelada ou miojo, que você só esquenta) são realmente tentações do demônio a serem evitadas. E a tabela nutricional me lembrou disto tudo.
                Decidi que trocaria: os invés de colocar o miojo, símbolo do demo, colocaria um macarrão no mínimo mais confiável, como um “farfale”. Ele demoraria mais, teria menos gosto (não ia arriscar fazer molho com queijo) mas seria a opção mais correta. E, quando eu estava prestes a pegar o pacote, minha mão hesitou.
                “Não!” pensei. “Se não for agora, eu nunca mais vou me permitir comer um miojo. É Páscoa, pelos deuses! Eu passei 3 dias confinado em casa! Eu só comi frango, batata e arroz! É agora ou nunca: vou comer miojo vencido e ponto final.”
                Comi. E vim escrever a crônica. Mas antes, tive que ir ao banheiro. Não sei se aquele molhinho foi uma boa idéia afinal...

terça-feira, 19 de abril de 2011

A fila de pólvora

                Acabou de acontecer algo muito engraçado comigo, aqui do lado de casa, no banco Itaú.
                Admito que não vou no banco NUNCA. Eu ia dizer que ia raramente, mas seria mentira, já que a internet resolve todos os problemas de minha mãe e eu, um garoto de 17 anos, ainda não tenho tantas demandas com este tipo de serviço. Mas eis que, por acaso, minha mãe recebe um terreno de uma cidade chamado Padrinho. Já ouviu falar? Pois bem: nem eu. Como esperar que uma cidade tão desconhecida e, provavelmente, tão minúscula, tenha um serviço online de pagamente de IPTU?
                Na ausência de tempo de minha mãe somada com a ausência temporária de meu irmão, acabei eu – estudante desocupado – responsável por pagar o tal carne do IPTU.
                Então la fui eu, as 15h30 de uma terça-feira, no banco aqui perto de casa pagar R$33,30. A primeira cena é a clássica: você entre na porta giratória, e ela n roda. Você põe suas coisas naquele lugarzinho, e olha pro guardinha com cara de duvida. Ele manda você voltar e tentar de novo e, na terceira vez, você consegue entrar.
                Depois de passado o primeiro – e imaginei que seria o grande – desafio, andei até o fundo da agência, aonde se localizam os 5 caixas. Mas 2 dos 5 caixas são só enfeite – eles nunca abriram. Dos outros 3, um estava anormalmente vazio. E dos 2 que funcionavam, um era preferencial. Uma senhora, que chegou depois de mim e ficou ao meu lado, puxando uma conversa, fez um comentário muito inteligente sobre a situação que nós nos encontrávamos (vale dizer que a senhora era extremamente simpática e calma):
                “Perdizes tem muita velinha!” – ela me falou.
                Imaginei na hora que era uma senhora experiente em filas de banco (e imaginei, também, que ela estava louca para que passassem mais um ou dois anos e pudesse ela também usufruir da fila preferencial.). Preocupei-me, pois atrasar não estava na agenda; além disso, haviam 12 pessoas em minha frente para passarem em um único caixa, já que o outro se preocupava com as velinhas.
                Empacou. Sabe aquele transito que o semáforo abre e fecha, sem que nenhum carro passe? Tipo como acontece nas ruas estreitas da Vila Madalena, em horário de pico, em dia de tempestade, que são usadas de alternativa para as grandes avenidas? Era isso. O paulistano, em seu vasto repertório cultural, sabe exatamente o que eu quero dizer: Simplesmente parou. Demorou uns 10 minutos até que o senhor que estava utilizando o único caixa vago para nós, pessoas normais, saísse dali. Imaginei que ele estaria pagando todas as contas da vida dele atrasadas e ainda alguma futuras – que nem haviam sido cobradas. Era a única explicação para tanto tempo ocupando uma mesma caixa (era mulher).
                Pois bem, o senhor acabou de ser atendido e a fila andou. Agora, só haviam 11 pessoas na minha frente! URRUL! (sarcasmo)
                Passa-se 20minutos de espera, com a fila diminuindo na minha frente e aumentando atrás.
                Chego na ponta. Eu era o próximo: Nada me impediria de utilizar o próximo caixa vago. Até porque o caixa preferencial estaria vago rápido, e não havia senhoras na fila. Quero dizer, não havia até o ultimo minuto, quando uma senhora de descendência asiática entrou e foi no caixa preferencial. Sabe quando seu time esta ganhando, você esta la todo feliz, e, quando já desencanou de ver o jogo e esta comemorando, percebe que o outro time fez um gol? Pois é, me senti assim. O paulistano sabe como me sinto.
                Tudo bem: eu ainda era o próximo. Era só aquela senhora acabar de utilizar o caixa normal que eu poderia...
                Opa, opa, opa. Pode parar. O que aquela mulher esta fazendo, entrando pela saída, e esperando ao lado do caixa?! Deve ser uma outra atendente, que veio ajudar, mas antes passou pra dizer um “oi” para a amiga. Mas ela esta demorando e... Opa! Como assim a mulher vai atender ela? E a fila?!?! E..
                -Essa mulher estava na fila? – pergunta a moça ao meu lado
                -Eu não há vi – respondo, e me dirigindo para a caixa que à estava atendendo, pergunto – moça, e a fila?
A simpática mulher ao meu lado aumenta:” é, ela já estava na fila?”
                Vendo que não poderia ignorar, a caixa se defende. Fala que sim, ela já estava na fila, e voltou porque havia esquecido algo. O assunto morre – os nervos, inversamente proporcional, só aumentam conforme a fura-fila demora anos para ser atendida.
                Pronto. Finalmente, era minha vez. Mas eu não ia deixar barato. Cheguei perto do caixa e, meio nervoso, perguntei a atendente:
                -Agora é a vez dos clientes normais?
                Bom, acho que ela até tentou responder. Mas quando falou “todos são normais”, a fila inteira discordou.
                Eu juro que ia deixar tudo quieto. Ia até agradecer a atendente na saída e desejar boa tarde. Só queria fazer aquele pequeno comentário para mostrar para a atendente que eu não sou tão idiota assim. Mas foi como se eu tivesse acendido uma fagulha numa xícara de pólvora! Ascendeu! E todo mundo começou a reclamar (e com razão), ameaçando chamar a gerente, e criou-se um enorme auê.
                Você sabe o que são 13 pessoas – ou melhor – 13 brasileiros, clamando por seus direitos em um fila de banco? Quase chorei. Melhor do que quase chorar: eu sai do banco dando risada. Na saída, ainda tive tempo de ver um outro funcionário de camisa social olhar para o segurança, perguntando: “o que diabos esta acontecendo?!”. Isto porque estava se formando uma gritaria ao lado dos caixas. Tudo porque eu fiz aquele inocente comentário!
                Eu vi uma de minhas teorias melhor elaboradas indo por água a baixa. De repente percebi que o brasileiro não é tão acomodado assim. Porque eu achava que houvesse a cultura do conformismo com tudo, especialmente com a política escrota que temos nesse país. Mas lá, bastou alguém tomar a frente, um comentário inocente, 5 palavras ritmadas, um pequeno aglomerado de sons, e todo mundo se revoltou. Até o outro caixa teve que intervir verbalmente para defender a amiga.
                Não sei o fim da história: vim para casa escrever a crônica. Talvez amanhã apareça no jornal: Comentário inocente acaba em briga em banco de perdizes.
                Mas o que importa, é perceber que, muitas vezes, assim como foi no oriente médio, basta que alguém tome a frente. Basta uma fagulha, e ela ascenderá o barril. Esta é minha nova teoria (por mais que uma fagulha, eu outros contextos sociais, talvez tenha que ser uma brasa mais forte.).

domingo, 17 de abril de 2011

Qual seu sistema operacional?

                Não, não estou falando do seu computador. Quero saber o SEU sistema operacional! Isto mesmo, aquele que roda e mantém seu cérebro funcionando. Tenho quase certeza que é Windows. Aqui no Brasil, diria que 90% dos sistemas operacionais dos cérebros devem ser Windows.
                Quem nunca tentou ligar seu cérebro, de manhãzinha com o despertador, e percebeu que ele simplesmente não fazia o “boot”? Que não importasse o quanto você quisesse ou tentasse – ele se recusava a manter o funcionamento. Parece que quando seu Windows ia ligar, naquela primeira tela aonde tem o símbolo da Microsoft, logo aparecia uma mensagem de erro: “Não foi possível acessar o arquivo acordar.afj. Tente novamente mais tarde ou contate o suporte técnico.”, para logo em seguida sermos obrigados a voltar ao sono profundo até que o verificador de erros do Windows consiga concertar o erro e nós, finalmente, acordemos. É, este erro crítico do Windows, que parece acontecer mais quando o sistema fica muito tempo sem ser desligado, atrapalha muita gente diariamente impedindo que estas pessoas acordem na hora que deveriam.
                Mas vamos supor que você conseguiu ligar e fazer o boot. Entrou no seu perfil, e logo acessou sua tela inicial. Enquanto todos os programas iniciam, comendo todo o processador do cérebro e deixando os passos e pensamentos lentos e meio desorientados, você vai até a cozinha e come um café da manhã. Aí tudo parece bem: os programas já estão todos rodando, e o processador já esta dando conta das tarefas; você não esta atrasado para seu trabalho e acabou de ter a refeição mais importante do dia. Mas, de repente, quando você tenta acessar um arquivo específico da sua memória (também conhecida como disco rígido), o clássico som de erro do Windows aparece, e uma janela salta na tela: “Não foi possível abrir o arquivo “celular.doc”. O arquivo pode não ter sido salvo direito, e parece estar corrompido.”.
                Ai surge a grande questão: Aonde eu deixei meu celular?
                O cérebro ativa um programa de suporte do Windows que tenta acessar as informações do arquivo corrompido, ao mesmo tempo em que outro programa ativa a ferramenta de busca nos registros ocultos, na esperança que alguma outra memória mostre alguma pista do paradeiro de seu celular. Enquanto isto, o que resta da capacidade de processamento do cérebro – que agora mantém apenas os programas essenciais para se dedicar especificamente a este problema – manda o corpo procurar nos mais diversos lugares de sua casa: partindo do óbvio (como sua mochila) até o impossível (como a lata de lixo do banheiro).
                Uma hora, o problema será resolvido, e o dia continuará. Ao acessar o calendário do Windows, vemos que nossa próxima tarefa é a escola.
                O caminho até a escola é todo feito no automático, apenas com as funções básicas de nosso cérebro, de modo que o uso da memória RAM não ultrapassa os 10%. Chegando la, o potencial de contato social abre outros programas no nosso cérebro, como o msn (responsável por conversas e expressões faciais) e um outro programa básico, rodado em DOS, que define quais pensamentos deverão ser compartilhados e quais deverão ser mantidos no cérebro (este programa, infelizmente, é velho e tem inúmeras falhas diariamente). O sinal da escola inicia um novo programa, específico para a programação escolar, e que consome diferentes quantidades de processamento nos diferentes cérebros. As primeiras tarefas que esse programa cumpre são consultar o material necessário, pega-lo no armário, e dirigir-se a Sala de Aula, escolhendo uma carteira de acordo com critérios pré-estabelecidos. Logo em seguida, quando o professor é avistado, o cérebro tenta iniciar o modo “Aula” (assim como os temas no celular (silenciosos, reunião, avião, etc)). Acontece que, 50% das vezes, salta na tela a janela de erro: “O programa “Em Aula” parou de responder e precisa ser encerrado. O Windows esta procurando uma solução para o problema.”. Portanto, até que o Windows ache a solução, a aula acontece em sua frente sem que nada do conteúdo entre em você.
                Mas ai você percebe que tem algo diferente na aula. O professor acabou de pegar um calhamaço de folhas e distribui-las, um por aluno.
                Dispara o alarme do Windows. O uso do processador vai a 100%. A temperatura interna esquenta. Aparece uma janela, com letras vermelhas bem grandes: PROVA HOJE. E você percebe, mais uma vez, que seu alarme de provas foi mal programado e falhou.
                Você recebe sua prova e lê as questões. A partir daí, existem 3 possibilidades:
                               -Cai a internet, e você não consegue pesquisar nada
                               -Aparece na tela: “Arquivos incompletos. Impossível realizar a pesquisa.”
                               -Erro crítico. Reinicie o sistema e aguarde o verificador de discos do Windows.

O tempo azteca.

               Há quinhentos anos atrás, quando nossos queridos colonizadores europeus desembarcaram em nosso continente, uma das primeiras coisas que eles descobriram foi que eles não estavam sozinhos. Haviam seres humanos aqui, divididos em varias tribos e povos diferentes, que logo seriam exterminados nos grandes genocídios que a história já não mais tenta esconder. Um destes povos, que ficam aqui do lado do Brasil, na outra costa da America do Sul, eram os Aztecas. (na verdade, como bem lembrou nosso amigo anônimo ali em baixo, os aztecas são do méxico)
                Para ser bem sincero, não sei quase nada deles. Sei que foram uma civilização com muito ouro e construíam pirâmides – a parte disso, não saberia dizer se eles eram alienígenas ou humanos.
                Mas outro dia, durante uma aula sobre este estranho povo, descobri uma coisa extra. Descobri que eles eram gênios, videntes, e haviam descoberto um segredo que pendura até os dias de hoje. Eles acreditavam que o tempo era cíclico.
                Esta é uma chave fundamental para entender hoje, centenas de anos depois deste povo quase desaparecer, nossa gigantesca metrópole.
                Giramos em um ciclo sem fim, que vem se repetindo quase sem mudanças durante os últimos 50 anos de metrópole. Podemos facilmente aqui destacar alguns marcos básicos para entendermos a linha de raciocínio azteca, adaptada para nosso presente. Logo que o ano começa, qual a primeira coisa que acontece em São Paulo? Alagamento. Enchentes. Centenas de casas tendo que ser esvaziadas, o corpo de bombeiros tendo mais trabalho com água do que com fogo, as principais avenidas indo para debaixo d’água e ficando simplesmente intransitáveis. O caos se instala repetidas vezes e grande parte dos moradores rezam para que exista logo um carro anfíbio no mercado brasileiro. Logo em seguida, ou as vezes ao mesmo tempo, começam as promessas políticas. “O pscinão da Pompéia será construído logo”; “aumentaremos significativamente a vazão dos rios”. Claro que elas nunca são realizadas, caso contrario quebrariam o ciclo. Enquanto os políticos fazem promessas, as mulheres do tempo de todos os jornais anunciam que choveu muito mais do que o previsto para todo o mês (acho que nos últimos 10 janeiros choveu, em São Paulo, mais do que o esperado para o mês).
                Mas um pouco antes da chuva começar, outro marco pode ser percebido: sobre o preço das tarifas de transporte público. A primeira reação popular parece ser de indignação, mas logo as pessoas ficam tão sem tempo de ter que trabalhar e usar o transporte público, que logo caí no esquecimento.
                Que mais? Ah, depois de uns meses do ano novo, começa o Big Brother. E, por mais que você queira ficar o mais afastado possível daquela droga que a Globo tanto ama, você com certeza vai ter que ouvir algum comentário sobre os participantes. Na maioria das vezes, você vai ouvir comentários de pessoas que dizem não gostar do programa (mas que, impressionantemente, sabem tudo dele).
                Ahh, e claro, o carnaval. Como poderíamos esquecer? Os momentos em que a fantasia se torna mais importante que a realidade.
                E, quando não tivermos muitos marcos fixos de tempo, aparecerá na mídia algum escândalo do qual teremos que ficar ouvindo por semanas. Seja Isabela Nardoni, a tristeza de Realengo, ou escândalo do mensalão.
                E por ai vai.
                Os aztecas eram realmente geniais. Criaram uma filosofia sobre o tempo que resiste ao... tempo! E parece explicar cada aspecto da nossa agitada vida urbana – isso apesar da cultura asteca jamais ter imaginado nosso modo de vida atual. Agora talvez nós pudéssemos evoluir, e começar a ver o passado como aprendizado para o futuro. Mas ainda viai demorar até que apareça uma civilização ainda mais genial que os aztecas.