Chegou a Páscoa! 2 dias de feriado, para cada um aproveitar como bem entender. Tem coisa melhor?
Bom, grande parte das pessoas recebeu suas 48h extras de descanso de maneiras semelhantes. Quem pode, catou o carro e saiu logo de São Paulo para aproveitar o frio de Campos do Jordão, o sol das praias do litoral ou o silêncio do interior. Quem ficou em São Paulo mesmo, se virou para achar alguma cultura ou algum lazer: cinema, shopping, parque, shows, e sei la o que mais. Mas páscoa não se resume só a feriado, claro! Temos também aqueles presentes dos deuses: os ovos de chocolate!
O que ovos de chocolate tem haver com a ressurreição de Cristo? Bom, os otimistas diriam que o ovo representa a vida. Eu acho que o capitalismo explica, mas não vou discutir.
Fato é que, além de descansar o dobro do normal, ainda ganhar chocolate dos amigos é bom. É MUITO bom. E é por isto que todos recebem tão bem a Páscoa.
Sabem como eu recebi a Páscoa? Com 39,5º de febre, no hospital São Camilo, com a pressão baixa só de ver a enfermeira tentar colocar a droga da agulha no meu braço. E ela teve que tentar 3 veias diferentes, ou seja, 3 furos diferentes! Eu bem que tentei descontrair, brincando com a moça de que ela estava me fazendo sofrer porque eu tinha dito que odiava o Corinthians, ou que ela só queria me fazer sofrer porque percebeu que eu odiava agulha, e até mesmo tentei puxar um assunto mais, sei la, científico, perguntando se os potinhos que recolhiam sangue eram mesmo a vácuo e se as plaquetas eram as responsáveis por coagular o sangue. Mas nada disso diminuiu minha agonia de ser furado e não poder fazer nada. (um enfermeiro até virou pra mim e disse “ah, mas a gente só fura porque precisa mesmo”. Ia perguntar se ele conhecia o conceito de “via oral”, mas achei que eu pareceria, além de rude, idiota).
Enfim, tudo isto para o médico dizer que poderia ser umas 5 doenças diferentes, e todas elas tinham a mesma solução: não fazer absolutamente nada e esperar a febre passar. Ele ainda me passou uma receita para tylenol. Quem, no século XXI, com o “BOOM” das empresas farmacêuticas, ainda gasta árvore para mandar alguém tomar tylenol quando esta com febre?
Voltei para a casa, conformado que teria de enfrentar a Páscoa não apenas com a febre, mas também com o mal estar, o enjôo e a diarréia que o maldito vírus trouxe de brinde. Lembra da história do descanso? Da viagem? Do chocolate? Agora substitua isto por febre, visitas constantes ao banheiro e um cardápio com 3 itens (frango ferventado sem tempero, arroz e batata cozida). Esta foi minha Páscoa.
Enfim, no sábado a noite, o pior parecia ter passado. Na verdade, eu fiquei cerca de 6 horas sem ir ao banheiro, sensação que eu não havia tido o prazer de sentir a dias. A febre tinha desaparecido junto com o mal estar. E eu estava com fome, afinal de contas era hora do jantar. E sabem o que eu ia comer? Frango com arroz e batata cozida.
Recusei-me. Eu merecia algo melhor. Era Páscoa, por Deus! Encarei o armário, e não tive dúvidas – catei dois miojos, e pus a água para ferver.
Acontece que eu tenho um péssimo habito. Acreditem, horrível mesmo. Enquanto eu espero minha comida esquentar (ou, no caso, a água ferver), eu fico lendo as embalagens. E, desta vez, eu me deparei com duas coisas: a tabela nutricional e a data de validade.
A primeira, me contava aquilo que ninguém quer saber. Um pacotinho de miojo tinha, por exemplo, 25% da gordura que eu precisaria no dia, assim como 40% dos carboidratos e 67% do sódio. Como eu ia comer 2 miojos, os valores iam saltar para, respectivamente, 50%, 80% e 134%. A segunda, me revelava um perigo: aquilo havia vencido no mês 2.
Além disso, hoje é dia 23. E o número 23 me odeia!
Na hora veio na minha cabeça a imagem da minha tia, me dizendo: “olhe la, quando você esta com intestino solto, você pode comer miojo, mas não pode por o molinho!”. Mas qual a graça do miojo sem o molinho? Então era melhor nem fazer mesmo. Ainda mais com uma informação nutricional entristecedora como aquela.
Não me leve a mal – não sou anoréxico nem nada do gênero – mas desde que tive uma breve introdução a industria de comidas do nosso tempo (via documentário ou aulas de química), cheguei a conclusão que o auto-controle era necessário. Num mundo de ofertas como o nosso, a “junk-food” e a “fast-food” (incluindo ai comidas como lasanha congelada ou miojo, que você só esquenta) são realmente tentações do demônio a serem evitadas. E a tabela nutricional me lembrou disto tudo.
Decidi que trocaria: os invés de colocar o miojo, símbolo do demo, colocaria um macarrão no mínimo mais confiável, como um “farfale”. Ele demoraria mais, teria menos gosto (não ia arriscar fazer molho com queijo) mas seria a opção mais correta. E, quando eu estava prestes a pegar o pacote, minha mão hesitou.
“Não!” pensei. “Se não for agora, eu nunca mais vou me permitir comer um miojo. É Páscoa, pelos deuses! Eu passei 3 dias confinado em casa! Eu só comi frango, batata e arroz! É agora ou nunca: vou comer miojo vencido e ponto final.”
Comi. E vim escrever a crônica. Mas antes, tive que ir ao banheiro. Não sei se aquele molhinho foi uma boa idéia afinal...
q podre vc
ResponderExcluirHahaha amiguinho, sei bem como é... Tenho alergia alimentar frequente e só cago mole. Gordura é o pior, mas vou cortar tudo carboidratos, glúten, fast good, comidas prontas e encarar mesmo comida saudável.Já não tomo leite, vou contribuir por um por um mundo menos cagado. Não aguento mais flatos e cagar mole, um abraço!
ResponderExcluirGostei do teu texto. Eu estava aqui na mesma situação, e quase pegando o miojo pra comer. Passei o fim de semana com visitas frequentes ao banheiro, e agora, depois de estar a algumas horas bem ia fazer miojo, resolvi pesquisar antes, e ainda bem que o fiz! Vou fazer uma sopa de letras sem graça mesmo.. Cara vc salvou o restante da minha noite, se não a minha vida!!
ResponderExcluirKkkkkkkkk, morri de rir
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